FUTEBOL DE 5

O futebol de 5, também conhecido o futebol de cegos, é uma adaptação do futsal convencional. Existem relatos que no Brasil, na década de 50, cegos jogavam futebol com latas ou garrafas, mais tarde, com bolas envolvidas em sacolas plásticas, nas instituições de ensino e de apoio a estes indivíduos, como o Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, Instituto Padre Chico, em São Paulo, Instituto São Rafael, em Belo Horizonte. Em 1978, nas Olimpíadas das APAEs, em Natal, aconteceu o primeiro campeonato de futebol com jogadores deficientes visuais no Brasil. A primeira Copa Brasil foi em 1984, na capital paulista. Contudo, o IPC – Comitê Paralímpico Internacional reconhece como primeiro campeonato entre clubes, o acontecido na Espanha, em 1986.

Na América do Sul, apesar da realização de alguns torneios anteriores, o primeiro reconhecido e organizado pela IBSA foi a Copa América de Assunção, em 1997, onde o Brasil foi o grande campeão. Participaram quatro seleções: Brasil, Argentina, Colômbia e Paraguai.

O primeiro mundial aconteceu no Brasil, em 1998, em Paulínia, São Paulo. O Brasil foi o primeiro campeão ao vencer a Argentina na final. De lá pra cá o Brasil conquistou outras quatro vezes a competição, em 2000 (Espanha), 2010 (Inglaterra), 2014 (Japão) e 2018 (Espanha).

A participação do Futebol de 5 nos Jogos Paralímpicos aconteceu, pela primeira vez, em Atenas, 2004. Também, neste evento, o Brasil foi o campeão, ao superar, nos pênaltis, os argentinos por 3 a 2. A Seleção Canarinho possui mais três títulos paralímpicos: em Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016, onde o Brasil sagrou-se tetracampeão.Além dos títulos, a Seleção Brasileira foi a primeira equipe a marcar um gol em Jogos Paralímpicos. O autor do feito foi o atleta Nilson Silva, falecido em 2012.

REGRAS

Como é praticado

O futebol de 5 é exclusivo para cegos. As partidas normalmente são em uma quadra de futsal adaptada com uma banda lateral (barreira feita de placas de madeira que se prolonga de uma linha de fundo à outra, com uma oscilação de 1 metro a 1,20 metros de altura e uma inclinação não superior a 10 ° para o exterior, em ambos os lados da quadra, evitando que a bola saia em lateral, a não ser que seja por cima desta). Desde os Jogos Paralímpicos de Atenas, em 2004, as partidas também são praticadas em campos de grama sintética, com as mesmas medidas e regras do futebol de salão.

Cada time é formado por cinco jogadores: um goleiro, que tem visão total e quatro na linha, totalmente cegos e que usam uma venda nos olhos para deixá-los todos em iguais condições, já que alguns atletas possuem um resíduo visual (vulto) que dão, nesta modalidade, alguma vantagem a estes.

Há ainda um guia, o Chamador, que fica atrás do gol adversário orientando o ataque de seu time, dando a seus atletas a direção do gol, a quantidade de marcadores, a posição da defesa adversária, as possibilidades de jogada e demais informações úteis. É o chamador que bate nas traves, normalmente com uma base de metal, quando vai ser cobrada uma falta, um pênalti ou um tiro livre.

Contudo, o chamador não pode falar em qualquer ponto da quadra, e sim, quando seu atleta estiver no terço de ataque. Este terço é determinado por uma fita (marcação) que é colocada na banda lateral, dividindo a quadra em três partes: o terço da defesa, onde o goleiro tem a responsabilidade de orientar; o terço central, onde a responsabilidade é do técnico e o terço de ataque, onde a responsabilidade da orientação é do chamador.

A modalidade, ao contrário do futebol convencional, deve ser praticada em um ambiente silencioso. A torcida, bastante desejada nesta modalidade, deve se manifestar somente quando a bola estiver fora do jogo: na hora do gol, em faltas, linha de fundo, lateral, tempo técnico ou qualquer outra paralisação da partida.

A bola possui guizos, necessários para a orientação dos jogadores dentro de quadra. Daí a necessidade do silêncio durante o andamento da partida. Através do som emitido pelos guizos, os jogadores podem identificar onde ela está, de onde ela está vindo e podem conduzi-la.

De modo geral, são as mesmas utilizadas no futebol de salão convencional. Algumas daquelas que diferem são: dois tempos de 20 minutos cronometrados e um intervalo de dez minutos; uma pequena área de 5,82m x 2m de onde o goleiro não pode sair para realizar defesa nem tocar na bola; a partir da sexta falta, é cobrado um tiro livre da linha de oito metros ou do local onde foi sofrida a falta. O tamanho do gol é de 3,66m x 2,14m.

Ao contrário do que se imagina, a modalidade tem muitas jogadas plásticas, com jogadas de efeito inclusive. Muitos toques e chutes a gol. Os jogadores são obrigados a falar a palavra espanhola “voy” (“vou” em português), sempre que se deslocarem em direção a bola, na tentativa de se evitar choques. Quando o juiz não ouvir, ele marca falta contra a equipe cujo jogador não disse o “voy”.

No Brasil, o futebol de 5 é gerido pela Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais – CBDV; internacionalmente a gestão cabe a Federação Internacional de Esportes para Cegos – IBSA (sigla em inglês).

Classificação Oftalmológica

B – Blind

B1: CEGO TOTAL – nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos ou percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer formatos a qualquer distância ou direção;

B2: PERCEPÇÃO DE VULTOS – deficiente visual com baixa visão (AV 2/60 ou CV inferior a 5º);

B3: DEFINIÇÃO DE IMAGENS – deficiente visual com baixa visão (AV entre 2/60 e 6/60 ou CV entre 5º e 20º);

Curiosidade

Já tivemos três jogadores eleitos melhores do mundo: Mizael Conrado (98 e 2000), João Batista da Silva (2004) e atual melhor do mundo, Ricardo Alves (2006) – o Ricardinho.